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Loteamento Girassol: ainda um cenário de pós-guerra


Quem chega hoje ao Loteamento Girassol - uma pequena localidade que reúne aproximadamente 80 famílias, entre os bairros Santa Bernadete e Jardim Califórnia - tem a impressão de que se está em algum lugar do Oriente Médio bombardeado pelos constantes conflitos daquela região. No Girassol diversas casas se encontram completamente destruídas, com paredes quebradas e cobertas por lama. Numa delas, que ainda tem parte da varanda erguida, as sobras de um Fusca cheio de lama e entulho dão a dimensão do horror que a tempestade de janeiro deixou na localidade. O nível do Córrego Dantas, que corta o Girassol, chegou a quase quatro metros de altura. Até mesmo o para-choque cinza de um carro, placa LIK 3026, foi parar no galho de uma árvore.

Ao longo do leito, pelo menos sete carcaças de veículos trazidos pela forte enxurrada ainda se encontram presas em meio a pedras, galhos de árvores e barrancos de areia. Até um caminhão foi encontrado em meio à correnteza do córrego — que tomou, no dia da tragédia, a proporção de um imenso rio. Algumas casas do Girassol, construídas próximo à margem, foram totalmente levadas pela correnteza. No lugar delas sobram entulhos e muita lama. Em outras, de dois andares, a enchente engoliu todo o primeiro pavimento e invadiu também o segundo. Por sorte, todos os moradores do Girassol conseguiram se salvar, mas sete corpos foram encontrados no loteamento depois que o nível da água baixou. Galerias de esgoto também foram danificadas.

“Naquela madrugada tive que sair de casa com meu filho, que é especial, e toda a minha família, pulando para uma outra casa vizinha por tábuas colocadas entre uma parede e outra. Tivemos que quebrar até uma parede para conseguir sair da nossa própria casa, já tomada pela água. Foi horrível”, lembra a moradora Angélica de Fátima da Costa, que não conseguiu o aluguel social e não teve outro jeito a não ser continuar morando no local — temendo sempre a chegada dos próximos temporais. “O que será de todos nós que vivemos aqui? Todos agora não param de ficar vigiando o rio”, pergunta, dizendo ainda ter tido toda a família salva graças a seu cachorro, que acordou todos na noite da tragédia escavando o ralo do banheiro no momento que os cômodos do primeiro andar já estavam alagados. 

“Moro aqui há 14 anos e nas enchentes passadas a água que entrou na minha casa nunca passou de 20 centímetros de altura. Desta vez quase chegou no teto. Nunca vi coisa igual. Por um milagre conseguimos ser salvos para uma casa vizinha”, disse a moradora Maria Davina Rangel Costa, 78 anos.


União dos moradores em frentes de emergência: até uma ponte de madeira foi improvisada


Cansados de esperar por ações efetivas do poder público, os moradores do Girassol arregaçaram as mangas e vem promovendo periodicamente mutirões de limpeza do Córrego Dantas. As frentes acontecem nos fins de semana com uma retroescavadeira e um caminhão cedidos por um empresário da cidade. O pagamento do motorista é feito pelos próprios moradores. Até uma ponte de concreto levada pela enxurrada já foi substituída por outra de madeira e improvisada somente para pedestres.

“Nossa meta é retirar a maior quantidade de galhos, entulhos, lixo e lama possível do leito e das margens para dar maior vazão ao córrego. Se não for feito isso agora, com qualquer chuva mais forte haverá transbordamento”, diz a servidora pública e também presidente da associação local de moradores, Luciana da Silva Pinto, que não se cansa de cobrar providências para o loteamento, mas se diz descrente de investimentos públicos no Girassol. “Pelo menos a dragagem do córrego e a limpeza dos locais atingidos teriam que ser feitos. São serviços urgentes que já foram solicitados várias vezes”, destaca Luciana. A Secretaria Municipal de Obras informou que o Girassol está no roteiro de ações emergenciais de limpeza e melhorias. 

Casas inteiras foram destruídas com a força da enxurrada. Muitos moradores ainda permanecem abrigados nas casas de familiares ou amigos
 Cenas de destruição por toda a parte. Nesta casa apenas um fogão sobrou. Família foi salva às pressas

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Eduardo Trigo

Eduardo Trigo

De família friburguense, minha bisavó veio da Alemanha direto para a nossa Nova Friburgo, no começo do século XX. Prazer, me chamo Eduardo Trigo. Nasci na cidade do Rio de Janeiro e com 2 anos vim morar na Princesinha da Serra. São 26 anos vivendo e convivendo na cidade. Sou um apaixonado por animais. "Não compre, adote!" Sempre tive o pensamento para o coletivo. Desde muito cedo achei necessário externar algumas situações que a nossa população vive. E, andando pelas ruas da cidade sempre via uma situação que julgava ser algo que os nossos governantes poderiam resolver facilmente. Por isso, resolvi não ficar apenas nas lamentações e, em 2009, criei o Nova Friburgo em Debate, um espaço para a população Friburguense se unir e lutar pelos seus direitos. Apontando os problemas, mas também buscando soluções. Afinal Nova Friburgo, EU AMO, EU CUIDO!

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