A dona de casa Nilcenea Lontra, de 35 anos, fez um transplante de
rim em 2000 e, desde então, depende de um medicamento para evitar a
rejeição do órgão. Na terça-feira, 27, ela esteve no Posto de Saúde
Sílvio Henrique Braune, no Suspiro, para tentar pegar comprimidos de
micofenolato de sódio, um remédio de uso contínuo que em 2014 passou a
ser distribuído gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Mas
Nilcenea não conseguiu. Na parede da unidade médica havia uma lista com o
nome de nove medicações — incluindo o micofenolato — que não estavam
disponíveis no posto.
"Esse remédio não pode faltar, se não o meu rim para. Hoje mesmo eu
não tenho remédio. Eu vou tentar pegar emprestado com um amigo. Quando
não consigo, vou a Cordeiro, São Fidelis ou tenho que ir ao Rio. Mas lá
no Rio eles só dão a dose do dia”, queixa-se a moradora de Conselheiro
Paulino, que diz não ter condições de comprar o remédio. "Se eu ficar
sem tomar, eu posso perder o rim. E vou ter que voltar a fazer
hemodiálise. Eu já falei com o secretário de Saúde e ele disse que não é
um problema da Prefeitura, é do Estado. Eu nem sei se vale a pena fazer
um transplante, porque você transplanta e falta remédio. De repente
você pode perder o órgão por falta de medicação”, disse a dona de casa,
revoltada.
A falta de remédios no posto, entretanto, não é generalizada.
Alguns dos pacientes que esperavam na fila em frente à farmácia da
unidade saíram com a medicação prescrita pelo médico. É o caso da dona
de casa Idaline Pereira, de 64 anos, que sofre de hipertensão e faz
tratamento para controlar a produção hormonal da tireoide. Ela conseguiu
a maioria dos remédios que precisava, mas reclamou que em novembro e
dezembro do ano passado faltaram no posto quase todos os medicamentos de
que ela e marido fazem uso. "Às vezes você vem aqui e leva só a receita
de volta para casa. Hoje teve. Eu dei sorte hoje”, contou.
O aposentado Idair de Oliveira, de 75 anos, não teve a mesma sorte.
Após passar pela farmácia do Hospital Municipal Raul Sertã, onde
costuma pegar cartelas de Torval 300mg, ele foi para o posto no Suspiro,
mas também não conseguiu o remédio para o filho deficiente físico. "No
Raul Sertã o remédio falta há oito meses. Agora eu nem sei para onde vou
e nem sei o que fazer”, disse, acrescentando que também não conseguiu
os remédios para a mulher que lesionou a coluna.
A Secretaria municipal de Saúde afirmou desconhecer a lista de
remédios em falta colada na parede do posto do Suspiro, e que o único
medicamento em falta — citado na lista — é o Lamotrigina 100mg. A
Prefeitura, entretanto, não esclareceu por que Nilcenea não conseguiu o
remédio quando esteve na unidade médica. A nota diz ainda que os
remédios disponibilizados no posto são de responsabilidade do governo
estadual. Os pacientes cadastrados na farmácia podem retirar medicações
gratuitamente no local de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h.
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