Henrique Amorim
No pátio do Hospital Municipal
Raul Sertã, uma construção logo no principal acesso ao estacionamento,
bem junto ao ambulatório, chama a atenção. Pelo abandono. E lá se vão
quase oito anos e a construção se deteriorando a cada dia. Quando foi
erguido, a Prefeitura anunciou que o prédio abrigaria as novas
instalações do Hemocentro Região Serrana, que funciona em um núcleo
acanhado dentro do próprio hospital e distribui sangue para hospitais de
Nova Friburgo e pelo menos outros 13 municípios circunvizinhos. Mas até
hoje espera-se pela tão propalada inauguração. Enquanto isso não
ocorre, o prédio transformou-se num depósito de descarte do próprio
Hospital Raul Sertã.
Nas salas do que esperava-se ser o
“novo” hemocentro regional há diversas camas hospitalares, equipamentos
danificados e inúmeros materiais em desuso, muitos deles enferrujados e
encobertos por poeira. Há também muito lixo no local, o que dá um
aspecto de total abandono logo na principal entrada do hospital de maior
movimento da região. O triste cenário pode ser facilmente observado
pelas janelas da unidade, algumas amarradas com arames. Pelos vidros
bastante sujos se constata a queda de parte do forro do teto e
rachaduras em várias paredes da unidade. Na parte externa do prédio, que
tem design moderno, mais sinais de abandono, com infiltrações nas
paredes e visível desgaste do reboco e pintura.
O projeto
inicial previa dotar o hemocentro de mais infraestrutura, oferecendo
maior comodidade aos doadores e equipes de funcionários. “Não sabemos o
que vai ser feito desse prédio. É uma vergonha. Uma estrutura totalmente
abandonada logo na entrada do hospital. Já me deparei com usuários de
drogas nos fundos desse prédio, mesmo sabendo que há guardas municipais
no CTU (Centro de Tratamento de Urgência) e a circulação de policiais
quando há atendimento para vítimas de crimes ou acidentes”, revela uma
funcionária do Hospital Raul Sertã que pediu para ter a identidade
preservada. “Já vi ratos e baratas lá dentro. Nunca foi feita uma
limpeza ali. É o dinheiro público jogado fora. Enquanto isso, o povo que
precisa dos serviços do SUS (Sistema Único de Saúde) padece nas filas
de madrugada”, denuncia outra servidora pública.
No fim do
ano passado, a Prefeitura de Nova Friburgo anunciou que promoveria uma
licitação para contratação de empreiteira para reformar a unidade, mas o
processo não avançou. Agora, há cerca de dez dias, a Prefeitura
informou que o secretário municipal de Saúde, Dagoberto Silva,
participaria de um encontro no Rio de Janeiro com representantes da
Secretaria Estadual de Saúde para definir a possibilidade de ampliação
do Hemocentro Região Serrana e o destino do prédio abandonado desde
2005, mas até o fechamento desta edição A VOZ DA SERRA não obteve uma
resposta sobre o que foi acertado na referida reunião.
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